Chris Martin (Coldplay) com a palavra
Entrevista com Chris Martin, do Coldplay, veiculada na revista Rolling Stone gringa, do dia 26 de junho desse ano (2008, para aqueles que acessarem esse post nos anos vindouros). Comentários mais abaixo.
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Você cresceu em uma parte rural, no sudoeste da Inglaterra, em um ambiente bastante religioso. Como isso afetou você?
Eu cresci com uma perspectiva do céu e do inferno bem alarmantes. A forma que eu fui criado era assim: se você algum dia pensar em seios, vai para o inferno. Era algo forçado: essas coisas são erradas. Era tudo preto e branco, bem como as coisas ainda funcionam para milhões de cristãos de direita no centro dos Estados Unidos. Eu passei um ano achando que seria punido por cantar “Sympathy for the Devil” (uma música dos Rolling Stones).
Punido do tipo, ir para o inferno?
Sim. Quando eu tinha 14 anos, a primeira banda da qual participei queria tocar “Black magic Woman” (música de Carlos Santana). Eu dizia, “eu não posso cantar isso pois terei um carma ruim”. Quando você é criança, não entende bem as coisas. Mas à medida que você vive, as rachaduras começam a aparecer, e você pensa, “não tenho muta certeza sobre essa coisa de inferno”. E eu não tenho certeza se é correto ser gay, e não sei ao certo se nós estamos certos e eles errados.
Você alguma vez pensou que poderia ser gay?
Era mais algo do tipo “ó, mer**, e se eu for?”. Eu fui ensinado quando criança que era algo errado. Mas isso ficou na minha cabeça. Quem se importa? E então deixou de ser um problema. Parece tolice dizer isso agora, mas quando você é criança, pensa em coisas do tipo, “eu vou queimar no inferno por toda a eternidade se eu gostar de outros homens ou se casar com alguma judia”.
Quais foram as músicas que primeiro mexeram com você?
Provavelmente “Bad”, do Michael Jackson, e “Take on Me” do A-Ha. Nós sempre íamos à Igreja, então o que eu mais ouvia eram hinos. Provavelmente é aí que vêm aquelas coisas de vida e morte em nossas músicas.
- Rolling Stone, Edição nº1055, 26 de Junho, 2008. Fonte: Blog do Dan Kimbal, Vintage Faith
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Lendo essa entrevista, pensei em algumas coisas:
- Quão distante ele está do pensamento que circula em algumas igrejas hoje? Creio que nenhuma, especialmente no tocante à questão céu/inferno. Refiro-me aqui ao crer ou não na existência factual de ambos.
- O pensamento da “direita cristã” americana é tão nocivo quanto o da esquerda cristã. Ambos são extremos e excludentes. E olho que digo isso admitindo ter um pé (ou ambos) na direita.
- Cantar Sympathy for the Devil ou Black magic Woman não fazem ninguém “fall from grace”, só para citar algo que ele próprio escreveu, talvez como um entendimento lógico do que acabei de escrever.
- Sempre achei que A-Há tivesse seu espaço garantido nos anais da música pop mundial. Digo isso com dedo em riste, bem como o Marco Bianchi, do RockGol.
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Você cresceu em uma parte rural, no sudoeste da Inglaterra, em um ambiente bastante religioso. Como isso afetou você?
Eu cresci com uma perspectiva do céu e do inferno bem alarmantes. A forma que eu fui criado era assim: se você algum dia pensar em seios, vai para o inferno. Era algo forçado: essas coisas são erradas. Era tudo preto e branco, bem como as coisas ainda funcionam para milhões de cristãos de direita no centro dos Estados Unidos. Eu passei um ano achando que seria punido por cantar “Sympathy for the Devil” (uma música dos Rolling Stones).
Punido do tipo, ir para o inferno?
Sim. Quando eu tinha 14 anos, a primeira banda da qual participei queria tocar “Black magic Woman” (música de Carlos Santana). Eu dizia, “eu não posso cantar isso pois terei um carma ruim”. Quando você é criança, não entende bem as coisas. Mas à medida que você vive, as rachaduras começam a aparecer, e você pensa, “não tenho muta certeza sobre essa coisa de inferno”. E eu não tenho certeza se é correto ser gay, e não sei ao certo se nós estamos certos e eles errados.
Você alguma vez pensou que poderia ser gay?
Era mais algo do tipo “ó, mer**, e se eu for?”. Eu fui ensinado quando criança que era algo errado. Mas isso ficou na minha cabeça. Quem se importa? E então deixou de ser um problema. Parece tolice dizer isso agora, mas quando você é criança, pensa em coisas do tipo, “eu vou queimar no inferno por toda a eternidade se eu gostar de outros homens ou se casar com alguma judia”.
Quais foram as músicas que primeiro mexeram com você?
Provavelmente “Bad”, do Michael Jackson, e “Take on Me” do A-Ha. Nós sempre íamos à Igreja, então o que eu mais ouvia eram hinos. Provavelmente é aí que vêm aquelas coisas de vida e morte em nossas músicas.
- Rolling Stone, Edição nº1055, 26 de Junho, 2008. Fonte: Blog do Dan Kimbal, Vintage Faith
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Lendo essa entrevista, pensei em algumas coisas:
- Quão distante ele está do pensamento que circula em algumas igrejas hoje? Creio que nenhuma, especialmente no tocante à questão céu/inferno. Refiro-me aqui ao crer ou não na existência factual de ambos.
- O pensamento da “direita cristã” americana é tão nocivo quanto o da esquerda cristã. Ambos são extremos e excludentes. E olho que digo isso admitindo ter um pé (ou ambos) na direita.
- Cantar Sympathy for the Devil ou Black magic Woman não fazem ninguém “fall from grace”, só para citar algo que ele próprio escreveu, talvez como um entendimento lógico do que acabei de escrever.
- Sempre achei que A-Há tivesse seu espaço garantido nos anais da música pop mundial. Digo isso com dedo em riste, bem como o Marco Bianchi, do RockGol.
Alguém acrescenta algo?
Marcadores: Coldplay Chris Martin Rolling Stone Céu Inferno Cristianismo
3 Comments:
O que dizer? Nunca se espera que o vocalista de uma banda que você curte seja um cabeça-de-vento. Mas acontece. Já ouviu o novo cd deles?
Abraços.
Infelizmente o pensamento não é tão bifurcal assim como mostrado...
Veja se isso por exemplo nada mais é do que falta de liberdade
http://cifraclub.terra.com.br/noticias/7790-adolescente-detido-pela-policia-por-vestir-camisa-do-cradle-of-filth.html
"Na roupa do garoto apareciam os dizeres: 'Jesus is a Cunt' (Jesus é uma 'vagina'), acompanhado de uma gravura de uma freira se masturbando. A roupa era uma peça da banda Cradle of Filth, segundo o site Herald Sun."
Não, cara, isso é atentado ao pudor. Um crime em qualquer país civilizado. Da mesma forma que há uns 17 anos atrás um adolescente foi preso nos estados unidos por usar uma camisa do Van Halen onde estava escrito F.U.C.K, um acróstico do disco que eles lançaram naquele ano, chamado "For Unlawful Carnal Knowledge".
O que se passou com o Chris Martin sim, talve, possa ser considerado uma forma de tolhimento, restrição. Mas ainda assim, se ele é uma pessoa esclarecida quanto parece ser, creio que entenderia que o pensamento comum das pessoas que faziam parte daquela cultura era aquele.
E outra... quão distante é o nosso pensamento do daqueles religiosos reclusos? Ou não acreditamos na existência factual do Céu e do Inferno, bem como o erro que há no homossexualismo?
É isso... há outras coisas, claro, mas quis me ater a essas.
abraço!
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