09 novembro, 2006

História e Conteúdo Teológico do Hino “Fonte És Tu de Toda Benção” - FINAL

Nos últimos dois dias, nós acompanhamos a história e a teologia do hino. Hoje, veremos como foi dada sua tradução para o português. Espero que a leitura deste artigo tenha sido tão edificante para vocês quanto para mim foi escrevê-lo. Deus os abençoe.

A Tradução para o Português

“Fonte és Tu de Toda Benção” foi traduzido para o português no ano de 1881 pelo Reverendo Justus Henry Nelson (1849 – 1931), que também traduziu e compôs outros hinos, entre eles: “Cantai que o Salvador Chegou” (HCC 106, tradução), “Mas Eu Sei em Quem Tenho Crido” (HCC 447, tradução) e “Meu Deus Proverá” (HCC 349, composição). O Reverendo Justus foi um homem muito importante para o crescimento evangélico no país, tendo plantado inúmeras Igrejas Metodistas no norte e nordeste do País.

Como é de se esperar, há diferenças entre o conteúdo do original em Inglês e a versão em português. Para que seja mantida a métrica e a forma estrutural do hino, não há como fazer uma tradução estrita, palavra por palavra.

Eis a letra em português, e em seguida, uma análise das frases com maior diferença de conteúdo entre o original e a versão.

(1)Fonte és Tu de toda bênção, vem o canto me inspirar
(2)A misericórdia Tua quero em alto som louvar
(3)Ó ensina o novo canto dos remidos lá nos céus
(4)Ao Teu servo e ao povo santo, p’ra louvarmos-Te, Bom Deus

(5)Cá meu Ebenézer ergo, pois Jesus me socorreu;
(6)E, por Sua graça, espero transportar-me para o céu.
(7)Eu, perdido, procurou-me, longe do meu Deus, sem luz;
(8)Maculado e vil, lavou-me com Seu sangue o bom Jesus.

(9)Devedor à Tua Graça cada dia e hora sou
(10)Teu cuidado sempre faça com que eu ame a Ti, Senhor
(11)O meu ser é vacilante, toma-o, prende-o com amor
(12)Para que eu a todo instante glorifique a Ti, Senhor


Em 1, ao pedir que Deus inspire o canto, é uma forma de afirmar que nada vale a pena ser cantado, a não ser a Glória e Beleza de Deus, mas mesmo assim, esse canto a Deus precisa ser feito de maneira reverente e plena. Em 2 e 3 há uma idéia de continuidade nas frases que não é vista no original em Inglês. Não há a referência ao Monte do Amor de Deus. Antes, ao dizer tais frases o tradutor pede para que O Senhor leve Seu povo e Seu servo a um louvor uníssono, com coração reto. Por isso a referência aos remidos nos céus – uma vez que eles já tiveram suas vestes lavadas no sangue do Cordeiro e estão para sempre no gozo do Senhor.

A segunda estrofe (versos 5 a 8) é bem semelhante em conteúdo ao trecho original, distinguindo-se apenas na última frase, quando em português, há uma referência muito bem feita e adequada ao nosso estado de imundície antes de sermos remidos no Sangue de Cristo.

Já na última estrofe, as diferenças são as seguintes: em 10, somos lembrados da parábola do Bom Pastor, então temos a referência de que o amor que sentimos por Deus só é possível por ter Ele nos amado primeiro. Sendo assim, se permanecemos amando ao Senhor, é unicamente pelo cuidado que Ele tem conosco. Em 11 e 12, vemos que o homem é inclinado ao pecado. Esta verdade é sustentada biblicamente, e também é sustentada pelos pais da Igreja e pelos teólogos ortodoxos. O que nós queremos é o mal, ou como o Apóstolo Paulo bem disse, em Romanos 7:18, “não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico.” Mais uma vez, a dependência na soberania de Deus nos leva a crer que nada podemos fazer por nossas próprias forças, e assim, o autor confia que Deus há de prendê-lo e tomá-lo de forma eficaz, para que assim, toda sua vida seja em louvor a Deus.

Uma exortação

A vida de Robert Robinson, bem como seu hino, são um atestado e exortação a todos nós cristãos modernos. Há ventos de doutrina, prazeres e correntes prontos a nos arrastar para a escuridão, mas uma vida fundamentada na Soberania de Deus, irá prevalecer, assim como a casa que é construída sobre a Rocha.

Robinson não foi o primeiro exemplo de um homem que deixou um legado importante para a história do Cristianismo mas que falhou em perseverar no Caminho. Infelizmente, podemos ter igual certeza de que ele não foi o último. Diariamente homens e mulheres de Deus são tentados a desviarem-se do Caminho da Cruz, e muitos o fazem. Essa é nossa natureza, nossa principal inclinação.

Que possamos meditar e nos regozijar na Salvação ofertada por Deus através de Cristo, e que este hino sirva para nosso crescimento espiritual.

Soli Deo Gloria!

Eduardo Mano